sexta-feira, 30 de março de 2012

Xanadu abre turnê nacional em Paulínia

A turnê nacional do musical Xanadu, com Danielle Winits e Miguel Falabella, vai começar por Paulínia, no dia 19 de abril. A trajetória de Xanadu já o transformou num clássico. Começou com o filme, um dos símbolos mais representativos da iconoclastia de excessos da década de 80. Desta montagem vem à inspiração para a superprodução (em todos os sentidos) dirigida por Miguel Falabella, com versão de Artur Xexéo (em sua segunda incursão teatral).


Xanadu ficou ainda mais conhecido no Brasil depois que, durante a temporada no Rio de Janeiro, os atores principais, além de Winits, Thiago Fragaso, se acidentaram durante uma cena. O espetáculo chegou a ficar fechado e o ator deixou a produção.


Dica: Não comprem ingressos nos balcões laterais do 2º e 3º nível e jamais no Mezanino. Nesses lugares, o barato sai caro e você irá se arrepender. Se você realmente não se importar de ficar perdurado na cadeira e não ver o palco inteiro, aí pode comprar.


Serviço:
Xanadu
Data: 19 a 22 de abril
Local: Theatro Municipal de Paulínia (Av. José Lozano Araujo, 1551 – Parque Brasil 500)
Horários: 19/4 às 21h, 20/04 às 21h, 21/04 às 18h e 21h30 e 22/04 às 17h30
Informações: (19) 3933-2140 – www.teatrogt.com.br
Data de abertura da Bilheteria: 03/04/12
Theatro Municipal de Paulínia (terça a domingo 13hs ás 19hs)
Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br)


Valores:
Platéia Alta, Baixa, Central e Lateral: R$ 140,00.
Camarotes: R$ 140,00.
Balcões Laterais Térreo: R$ 100,00.  
Balcões Laterais 2° Nível: R$  90,00. 
Balcões Laterais 3° Nível: R$ 80,00.  
Mezanino: R$ 80,00.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Em cena, as tradições de Um Violinista no Telhado

Comunidade judaica de Anatevka celebranco o alicerce de sua existência, as tradições, em Um Violinista no Telhado



Minha matéria/crítica publicada no Correio Popular no dia 19/03

Fábio Trindade
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fotos: Guido Melgar/Divulgação

José Mayer vive no musical Tevye, o leiteiro da comunidade 

Quando as cortinas se abrem e Tevye (José Mayer) entra em cena, um rapazinho no telhado de uma casa simples no povoado fictício Anatevka, na Rússia czarista, toca lindamente seu violino. "Parece loucura, não é? Mas no nosso lugarejo é assim. Cada um de nós é um violinista no telhado. Ficamos aqui, porque Anatevka é a nossa terra natal" , diz o pobre leiteiro, membro de uma comunidade judaica, apresentando, na verdade, uma metáfora para explicar justamente o fundamento da existência de sua comunidade. "Nós sempre estamos com a cabeça coberta. Sabe por quê? Eu não tenho ideia. Mas vocês podem se perguntar também como fazemos para manter o equilíbrio em cima do telhado, e eu respondo. O que traz equilíbrio à nossa mente pode ser resumido numa palavra: tradição."
São elas, as tradições, que definem os papéis que cada um deve assumir no povoado: seja o mendigo, a casamenteira, o açougueiro, o rabino e, claro, o leiteiro e sua família, que fazem parte da base econômica do vilarejo, todos sabem bem porque estão ali. Sem as tradições, a vida em Anatevka seria tão instável quanto o violinista que tenta se equilibrar nos telhados das casas. Por isso o jovem está sempre lá, durante todo o espetáculo, como se fosse uma parte da consciência de Tevye, lembrando qual caminho seguir, mesmo que seja para abrir espaço para a quebra dessas muitas tradições.

Essa é mensagem que percorre todo o musical Um Violinista no Telhado, baseado nos tradicionais contos judaicos de Sholom Aleichem e trazido ao Brasil pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, e que fica em cartaz até 15 de julho no Teatro Alfa, em São Paulo.

Cena do musical Um Violinista no Telhado, com José Mayer

E mesmo sendo uma família do início do século 20, num país em crise e abalado pela desigualdade social, é impossível não dizer que se trata de um enredo atemporal e sem classe definida. Viver sob tradições e muitas vezes ter de confrontá-las fazem parte de qualquer sociedade, e isso, por si só, já torna a peça bem-sucedida.

"É um prazer para nós, atores, e também para a plateia, seja judia ou não" , explicou, ainda transpirando a energia da peça, José Mayer, em conversa com a reportagem poucos minutos após apresentação apenas para convidados, na semana passada. "Certamente, dentro do panorama de musicais, trata-se de um dos momentos mais sublimes. A peça é de 1964 e se tornou um clássico excepcional montado no mundo inteiro. Todos nós passamos por coisas como as apresentadas. Filhas se casando, apego ao passado, os costumes, necessidades de mudanças. Esses assuntos fazem parte de qualquer família e por isso acho que o musical bate tanto no coração das pessoas" , continuou o ator, que contracena na peça ao lado da filha, Júlia Fajardo. "Estou triplamente feliz. Pela beleza da peça, pela oportunidade que o personagem oferece e, agora, com a Júlia no elenco."

Mayer, que pode ser visto todas as noites como o peixeiro Pereirinha do folhetim global Fina Estampa, canta e dança em Um Violinista... Aliás, ele é o típico não-cantor que canta, conseguindo se manter e até fazer bonito perto dos outros cantores profissionais. Isso se dá também principalmente pela ausência de uma voz marcante no musical, o que, no final, acaba sendo um problema. Destaque para Malu Rodrigues no papel de Hodel e Julia como Chava, filhas de Tevye, com vozes que destoam das demais, mas que aparecem em poucos momentos e em duetos que não estão a altura.

Família
Judeus sofrem com decreto Czar que os expulsa do lugarejo

A relação do leiteiro com as filhas é o fio condutor do espetáculo para falar da tradição. Na aldeia, as filhas se casam com quem o pai escolher, auxiliados por uma casamenteira, que procura bons partidos para as jovens, em troca de uma comissão. Mesmo que esse partido tenha duas, três vezes a idade delas. Tevye descobrirá que com ele não será assim. As três filhas mais velhas, de cinco, se interessam por outros rapazes - um alfaiate pobretão, um judeu revolucionário e até um russo, o que, nem com a quebra de outras tradições, será aceito pelo pai.

Os momentos de reflexão de Tevye para saber se permitirá e abençoará essas uniões são hilários, com um texto impecável e um humor ácido de Mayer no mesmo estilo de seu personagem da TV. Aliás, não há como não comparar o Pereirinha e o Tevye, e não apenas pelo visual. Os trejeitos, as sacadas e a forma de tratar os assuntos são exatamente os mesmos. "Eu acho que os dois se influenciaram. O Tevye me possibilitou chegar ao Pereirinha, que acabou ficando com o mesmo visual do Tevye. Os dois personagens tem uma certa afinidade, até porque um é leiteiro e outro peixeiro. São personagens populares, afetivos, e o público adora" , contou o ator.

Soraya Revenle, no papel de Golda, e Mayer como Tevye
Quem rouba a cena, e não poderia ser diferente, é a veterana Soraya Ravenle no papel de Golda, a mulher bravíssima e de gênio forte de Tevye. Com uma interpretação impecável, apesar dos números musicais relativamente fracos, a melhor cena do espetáculo, inclusive, é o momento em que o chefe da família precisa contar a ela que a primogênita não poderá aceitar a proposta de casamento do açougueiro (Sylvio Zilber) que ela considera ótima, para ficar com o pobretão. O palco cheio e os efeitos dão uma pitada especial.

"Todos os trabalhos, quando são bons, desafiam o ator. Esse é um texto clássico, que já nasceu muito bom, com uma dramaturgia perfeita e com um personagem rico e complexo" , comentou Soraya. A atriz, que já fez musicais como Ópera do Malandro (2003) e Sassaricando (2007), explica que esse, entretanto, tem um ar diferente. "A história é parecidíssima com a da minha família. Eles precisaram fugir pouco antes da Segunda Guerra Mundial, apesar da gente estar tratando da Primeira aqui. Então me toca de forma diferente."

Segundo Ato

O fato citado por Soraya é a pressão política do Czar, que baixa um decreto obrigando os judeus a deixar a vila de Anatevka e, consequentemente, suas tradições. Esse dilema é tratado fortemente no segundo ato, mas como antes era apenas pincelado, acabou deixando o musical arrastado e um pouco monótomo, confrontando a animação e beleza da primeira parte (muito melhor). Todos do lugarejo, desiludidos, saem em busca de um novo lugar para viver, sabendo que nunca terão ali novamente rezas, festas tradicionais, celebrações de shabat e casamentos - momentos típicos do judaísmo que são apresentados de forma brilhante, como, por exemplo, a reza da família diante da mesa e o casamento da filha mais velha. Emocionantes.

Serviço:

O quê: Um Violinista no Telhado
Quando: estreia hoje e fica em cartaz até 15 de julho
Onde: Teatro Alfa (Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo, fone: (11) 5693-4000)
Quanto: de R$ 40,00 a R$ 200,00 (bilheteria do teatro e pelo site www.ingressorapido.com.br)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Um Violinista... vem aí!

José Mayer como Tevye de Um Violinista no Telhado

Depois de algumas pré-estreias na semana passada e uma estreia apenas para convidados, o musical Um Violinista no Telhado, estrelado por José Mayer, abre oficialmente ao público hoje, em São Paulo, no Teatro Alfa.

Assisti o espetáculo na noite de estreia e sairá uma matéria bem legal no jornal Correio Popular este domingo, dia 18/03, com entrevistas, pitacos e tudo mais...

A peça é um clássico da Broadway e foi trazida ao Brasil pela dupla queridinha dos musicais Charles Möeller e Claudio Botelho.

Fiquem atentos e espero que gostem...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Cabaret, em Paulínia, deixa a desejar

O Theatro Municipal de Paulínia tem capacidade para 1,3 mil pessoas. O musical Cabaret, com Cláudia Raia, esgotou todos os lugares, para as cinco sessões que teve na cidade, um dia antes de começar a curta temporada por lá. Um feito e tanto. Mas mesmo com a casa lotada todas as noites, a produção deixou a desejar. Ou melhor, decepcionou completamente.

O cenário, que já não é muito complexo, não veio completo de São Paulo para Paulínia. Eles chamaram de uma versão “resumida”. Não dá para entender o porquê, já que Paulínia tem o triplo de lugares que o Teatro Procópio Ferreira, onde o musical estava na Capital. Então uma semana aqui equivale há três lá. Mas enfim, foi o que veio.

Segunda coisa. O elenco chegou no dia da primeira sessão, no final da manhã, e ainda rolou uma coletiva (sim, no dia da estreia) no teatro. Ou seja. Eles mal tiveram tempo para reconhecimento de palco e, sabe-se lá, ensaio geral.

Alguns podem pensar que, já que eles estavam em temporada há quatro meses em São Paulo, isso não seria necessário. Mas as apresentações mostraram que era necessário sim.

Bom, antes de falar sobre as apresentações, vamos falar do teatro. É um absurdo um teatro como o de Paulínia ser tão mal planejado. A organização colocou o mezanino (o equivalente a três andares) à venda por R$ 80,00. Dos lugares, incluindo a primeira fila, não é possível ver o palco. Sim, acreditem, não dá para ver o palco, e eles venderam os lugares por R$ 80,00. As pessoas (tenho conhecidos que foram nesse setor) precisavam ficar as três horas de espetáculo penduradas na cadeira, sem encostar, para tentar ver as formiguinhas lá embaixo.

Agora vamos as frustrações.

O som não funcionou, a iluminação errou, o elenco teve que refazer cenas e nem entreatos a peça teve. Na sexta-feira, por exemplo, atrasou tanto por causa dos erros e das cenas refeitas, que a peça não teve intervalo, só cinco minutos para trocar as coisas. Em cenas que eles precisavam entrar no quarto e supostamente apertavam o interruptor para acender a luz, pergunta se acendeu? Fizeram a cena no escuro e, do nada, a luz acendeu no meio.

Várias pessoas aproveitaram a pequena parada e foram embora, e o falatório do lado de fora do teatro ao final era de descontentamento. Muitas pessoas de fora, que vieram de outras cidades, saíram irritadas do local. E com razão.

Uma pena, pois a peça é ótima e tinha tudo para agradar.


PS: Não tenho informações sobre as cinco sessões. Mas, para mim, de qualquer forma, um espetáculo desse porte, que veio para poucas apresentações, errar tanto em uma só que seja, o que equivale a 20%, é um absurdo. Pois 1,3 mil pessoas pagaram (CARO) para ver e esperam um espetáculo decente.

Bom, de qualquer forma, segue um vídeo para animar a situação. 


quinta-feira, 8 de março de 2012

Que Espetáculo: Cabaret começa hoje em Paulínia

Jarbas Homem de Mello e Cláudia Raia nos papéis de MC e Sally Bowles no musical Cabaret, em cartaz em Paulínia
Minha reportagem publicada hoje no Correio Popular, 08/03/2012

Fábio Trindade
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fotos: Divulgação/Caio Gallucci

O musical Cabaret realmente tinha tudo para fazer sucesso. Afinal, possui uma história forte, dramática, mas ao mesmo tempo leve e divertida, além de números musicais elaborados e canções marcantes. Sem contar que a peça é estrelada por uma global do primeiro escalão (Cláudia Raia), o que indiscutivelmente atrai público, mas, se o resultado não for bom, não sustenta toda a temporada — e esse não é o caso.
Durante os quatro meses em que ficou em São Paulo, Cabaret registrou uma lotação de 104% (sim, isso é possível, já que o teatro precisou colocar cadeiras extras para atender a demanda), e só deixou a Capital porque o espaço já estava locado para outro espetáculo. Sorte nossa, pois a peça ganhou a oportunidade de viajar para outras regiões e estaciona em Paulínia de hoje a domingo. Serão cinco sessões e ainda há ingressos disponíveis, mas escassos, então corra para não perder essa oportunidade única na redondeza. (As sessões já estão esgotadas)
Como os leitores devem ter acompanhado, Cláudia conversou com o Caderno C durante a passagem do musical por São Paulo, contou detalhes de sua personagem Sally Bowles e como ela está realizando um sonho com essa peça.
O talento é inegável e a atriz é a alma do show. Mas tudo isso só acontece também graças à qualidade dos atores e dançarinos que a acompanham nas quase três horas de espetáculo. Dentre todos, se há alguém que encanta a plateia tanto quanto Cláudia, esse é Jarbas Homem de Mello na pele de MC, o mestre de cerimônias do cabaré que abre, encerra e permeia todo o musical.
Assim como é para a Cláudia, Cabaret é a realização de um sonho. Conheci o musical em 1980 e me apaixonei. Tive uma preparação muito grande para fazer o MC. Foram três meses de ensaio, mas seis meses antes já conversamos sobre os papéis, estudávamos sobre a época, nos envolvemos muito com a história. Então no palco as coisas vieram naturalmente e ficamos integrados o tempo todo, no estilo de interpretação, tudo. Queríamos que o MC fosse quase uma entidade, o ego da Sally, e está dando certo”, explicou Mello, que já atuou em musicais como Lés Miserables, Grease e O Fantasma da Ópera.

Dramaturgia
Para o ator, a dramaturgia de Cabaret é o que atrai tanto público. “Falamos de uma época forte (a peça se passa em decadente casa noturna de Berlim, em 1931), de muita importância para a política. Existe um cuidado muito grande para tratar o assunto, desde a iluminação, as coreografias. E o público sabe identificar quando é bom e quando não é. Eles não se deixam mais enganar apenas por ter um global, por exemplo. As pessoas querem arte, em termos musicais, estou falando. Esse é o grande sucesso.”
Sucesso esse que estendeu inclusive, para surpresa dos próprios atores, a vida útil do musical. Previsto inicialmente para terminar no Rio de Janeiro em julho desde ano, Cabaret agora sairá de Paulínia, passará por Belo Horizonte, desembarca por quatro meses na capital carioca, viaja novamente nos meses de agosto e setembro e retorna a São Paulo para ficar até fevereiro de 2013. “Ficamos sabendo semana passada. Foi uma surpresa, muito boa, claro.”

A peça
A trama de Cabaret, baseada no livro de Christopher Isherwood, gira em torno do relacionamento da inglesa Sally com o escritor americano Cliff Bradshaw, encarnado pelo jovem ator Guilherme Magon. Além disso, como pano de fundo, o espetáculo trata da ascensão do nazismo e como todos naquela época foram afetados por isso. Mas essa tensão da peça pega mesmo apenas no segundo ato. Até chegar nesse ponto, o público vai passear por cada personagem e pensar que realmente está em um cabaré. O clima de erotismo é forte, mas necessário para criar o ambiente da época, tudo no ponto certo, para ninguém se chocar. “Foi muito difícil conseguir esse ponto. Fizemos diversos laboratórios, muitos mesmo, para que a gente não errasse, deixando a peça com o erotismo, com tudo que fosse possível para a época, ao mesmo tempo sem pudor e sem assustar o público desnecessariamente”, explicou Cláudia.
A atriz sabe que todos na plateia acompanham cada movimento que ela faz e, por isso, nas cenas em que outros personagens precisam crescer na história, fica evidente que ela se apaga propositalmente, dando espaço para a trama. “Costumo dizer que ela tem a característica das grandes estrelas, por ser uma atriz muito generosa”, elogiou Mello.
Destaque para Liane Maya, como a alemã Fraulein Schneider, e Marcos Tumura, no papel do judeu Herr Schultz. São eles que sustentam principalmente a parte “nazista” do enredo de Cabaret e estrelam solos impecáveis e emocionantes.
Mas a profundidade da personagem Sally Bowles é algo marcante. Ela sustenta uma aparência forte, linda, engraçada e é muito esperta, mas no fundo, é uma coitada a espreita de um holofote para tentar brilhar. “Esse personagem tem tudo o que uma atriz de musical quer fazer. A Sally é o meu momento mais emocionante e eu quero viver tudo isso intensamente”, finalizou Cláudia.

Serviço
O quê: Cabaret
Quando: hoje e amanhã às 21h, sábado às 17h30 e 21h30 e domingo às 18h
Onde: Theatro Municipal de Paulínia (Av. José Lozano Araújo, 1551, Pq. Brasil 500, fone: 3933-2140)
Quanto: O preço varia entre R$ 40,00 e R$ 140,00. Vendas na bilheteria do teatro, das 13hs ás 19hs, e pelo site www.ingressorapido.com.br. Morador de Paulínia paga meia
Classificação: 14 anos

quinta-feira, 1 de março de 2012

Doces e Bizarros, A Família Addams estreia em São Paulo



Minha reportagem publicada hoje no Correio Popular, 01/03/2012

Fábio Trindade
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fotos: Augusto de Paiva

Marisa Orth e Daniel Boaventura vivem Morticia e Gomez
Clima macabro, roupas pretas, pessoas estranhas e um sentimento de quanto pior, melhor. O cartunista Charles Addams se tornou, em 1933, quando tinha apenas 21 anos, um dos colaboradores mais queridos da revista The New Yorker simplesmente por preferir um humor sinistro, gótico. Afinal, a peculiaridade resultou em alguns dos personagens mais famosos dos quadrinhos de todos os tempos, que posteriormente viraram figuras de uma série de televisão nos anos 1960, filmes hollywoodianos e agora de um musical. Gomez, Morticia, Tio Chico, Wandinha, Feioso, Vovó e Tropeço formam A Família Addams, que deixa a Broadway, em Nova York, para aterrorizar os palcos paulistanos. Os portões da mansão mal-assombrada da trupe se abrem a partir de amanhã, no Teatro Abril, tendo como os apaixonados chefes da família Marisa Orth e Daniel Boaventura.

Eles se orgulham das gorduras, das feiuras, da sexualidade. Tem gostos bizarros, mas são sinceros, bem diferentes das famílias ‘margarinizadas’, perfeitas, que vivem nesse universo politicamente correto de atualmente”, disse a estreante no mundo dos grandes musicais, Marisa Orth. A atriz, famosa principalmente por interpretar papéis cômicos, incorpora Morticia Addams com louvor, ou melhor, com todo o pavor que a personagem pede. Olhar misterioso, sexualidade aflorada e humor sarcástico são características presentes em Marisa mesmo depois de despir a fantasia usada no palco. “Nunca tinha feito um trabalho que fosse simultaneamente uma peça de teatro, um show de música, de dança e de cenário, com efeitos especiais e tudo mais. Nós ensaiamos por dois meses, dez horas por dia, mas estou muito feliz e bebendo tudo que esses grandes artistas e produtores estão me oferecendo.”

A Família Addams celebrando o ciclo da vida - e da morte
Para compor a personagem, Marisa conta que se inspirou em diversas mulheres, mas que já se sentia treinada para o papel. “A Morticia é uma mulher que muitas atrizes gostariam de ter feito. Eu teria topado fazer nem que fosse para posar como modelo para o quadrinho, porque é uma chance incrível. Tem gente que sonha em fazer a Julieta, eu já sonhei com a Morticia. Ela é diferente, sexy, mórbida, com um grave na voz. Me inspirei em vários tipos de mulheres, até na senhorita Pig, dos Muppets, na autoestima que ela tem, com a obrigação de estar sempre fantástica. Sem contar o figurino, as unhas pretas, o cabelo, a pele branca. Eu brinco que ela parece uma lula gigante”, brincou, aos risos.

Mas se Marisa embarca nos musicais pela primeira vez, seu companheiro de elendo, Daniel Boaventura, assina a sua 11º produção. “É um trabalho surpreendente. Foi um heavy metal no sentido de ensaios, de apresentações, de voltar para um personagem cômico. Chegar ao Teatro Abril me recordou a época em que eu fazia o Gaston em A Bela e a Fera, porque você tem que se preparar para tudo, para os números musicais, para as piadas. Sem contar que é um personagem completamente o oposto do meu último, que foi o Perón, em Evita.” Assim como Marisa, o ator revelou um fato engraçado para se preparar para o desafio. “Gomez tem um pouco de Alberto Roberto, personagem de Chico Anysio. O Chico é sensacional. Me inspiro nele e me inspirei no Alberto Roberto também.”

Wandinha tenta convencer a família a não cancelar o jantar
Boaventura conta que a recepção do público foi muito boa nas apresentações testes que fizeram. “Estamos falando de um público que amadureceu com o musical brasileiro, que hoje compreende a linguagem necessária e também é cada vez mais exigente. Nós fizemos três apresentações já, para um público bem eclético, e percebemos que agradou todo mundo.”

Quando os atores foram anunciados como o casal protagonista, a repercussão entre os fãs foi de escolha certeira, principalmente pelos papéis anteriores de Marisa e Boaventura e até pela semelhança. Marisa até enumerou algumas. “Eu posso ser agressiva, vaidosa, sexy, afetuosa, elegante, cafona, tudo ao mesmo tempo. A Família Addams é a metáfora do tio feio e do cachorro sarnento da família, ela é tudo aquilo que as famílias reais escondem quando alguém chega.” Já sobre planos para continuar no gênero, Marisa brinca. “Eu não sei se os musicais vão querer continuar comigo.”

Membros mortos dos Addams também participam da festa
A peça
O musical A Família Addams se tornou uma das mais bem-sucedidas produções da Broadway quando estreou em abril de 2010, em Nova York, faturando mais de US$ 85 milhões — sua última apresentação na cidade aconteceu no dia 31 de dezembro do ano passado. Uma turnê pelos Estados Unidos foi lançada no dia 15 de setembro e o Brasil é o primeiro País a receber a montagem internacional.

A Família Addams apresenta uma história original, então não pense que alguns dos filmes, ou mesmo a série, serão lembrados no palco. No musical, a filha do casal protagonista se transformou em uma jovem mulher e se apaixonou por um doce e inteligente jovem de uma família tradicional. Wandinha, considerada uma princesa das trevas, tem um namorado normal. Para os pais, Gomez e Morticia, esse é um acontecimento que irá virar de cabeça para baixo a casa dos Addams, principalmente quando eles são forçados a organizar um jantar para o jovem e seus pais.

O jardim da mansão assombrada de A Família Addams
O musical, como não poderia ser diferente, começa com uma cena grandiosa. Toda a família está reunida no cemitério da mansão para celebrar o grande ciclo da vida — e da morte. E, como a própria Morticia diz, família é família morta ou viva, eles evocam os antepassados das tumbas para fazer parte da comemoração. O cenário elaborado e a caracterização impecável adiantam que trata-se de uma produção com todos os artefatos que uma peça da Broadway pede, como há tempos não acontecia no Brasil.

Os últimos musicais que pingaram em São Paulo, como Mamma Mia, Cabaret, Hair e Cats, são extremamente conhecidos, mas muito simples nessa parte. Outros, como As Bruxas de Eastwick e A Gaiola das Loucas, são mais elaborados e com mais cenários, mas ficam longe de produções como A Bela e a Fera, O Fantasma da Ópera e Miss Saigon, que também fizeram sucesso por aqui. Por isso, pelo menos na parte visual, A Família Addams deve agradar, e muito, o público.

Qualidade

Musical traz super produção para SP a partir de 02/03
Mas são vários os fatores, além da qualidade da produção, que prometem abalar a passagem do musical pelo Brasil. A começar pelo talento dos atores, não levando apenas em consideração Marisa e Boaventura. A experiente Sara Sarres, que estrelou outros musicais como O Fantasma da Ópera e Les Miserables, faz a Mortícia alternante. “Eu não poderia estar mais honrada, além de aprender muito com esse elenco maravilhoso. Estou um pouco apavorada com a responsabilidade de alternar com a Marisa Orth, mas muito feliz porque esse personagem é um presente”, disse.

Mas ela não é a única. O segundo casal da peça, formado por Wandinha (Laura Lobo) e Lucas (Beto Sargentelli) reforçam o grupo. Nos números apresentados para a imprensa esta semana, as vozes dos dois destacam-se no elenco. Laura já participou de musicais como O Mágico de Oz e Peter Pan e Sargentelli de Mamma Mia. Além disso, Paula Capovilla, que protagonizou recentemente Evita, também está na peça.

Agende-se
O quê: A Família Addams
Quando: A partir de amanhã, de quintas e sextas, às 21h, sábados às 17h e 21h, e domingos às 16h e 20h.
Onde: Teatro Abril (Avenida Brigadeiro Luis Antonio, 411, Bela Vista, São Paulo)
Ingressos: As entradas custam de R$70 (Balcão A) a R$250 (Plateia VIP).