terça-feira, 9 de outubro de 2012

Realeza dos musicais, O Rei Leão chega a São Paulo


Atores da Broadway vieram a São Paulo para apresentar as versões em português de Gilberto Gil do musical O Rei Leão
Fábio Trindade

Quando o produtor e presidente da Disney Theatrical Group, Thomas Schumacher, perguntou para dezenas de jornalistas quem já havia assistido ao clássico desenho O Rei Leão, ele brincou ao fazer uma expressão de surpresa assim que todos levantaram as mãos. “Everybody, yeah.” Mas ele deixou claro que tratava-se de uma pergunta retórica, já que, afinal, “estamos falando da maior animação de todos os tempos”. Porém, chegar a esse resultado, garante o executivo, não foi nada fácil. Cerca de 450 profissionais, entre artistas, animadores, escritores, compositores, letristas e desenhistas “juntaram-se para transformar uma sinopse de quatro páginas, que dizia tratar-se de animais e que teria uma guerra, sem fala, sem música, no filme que todos conhecemos”.

Rafiki canta Circle of Life em SP
Baseando-se no exemplo de A Bela e a Fera anos antes, um sucesso também na adaptação para os palcos com um musical homônimo, a Disney rapidamente quis fazer o mesmo com O Rei Leão. “Mas em A Bela e a Fera falamos de humanos que se vestem de personagens, com castelos, vilas. Bem diferente de trazer a vida selvagem, os animais para o palco. Essa foi a pior ideia que já ouvi”, respondeu de prontidão Schumacher, na época. A opinião foi mudando rapidamente assim que ele conversou com a diretora Julie Taymor. “Não tem humanos no filme, mas tem humanidade nos personagens”, ela respondeu.

Após um trabalho árduo, veio o resultado: a maior bilheteria da história da Broadway, com US$ 853,8 milhões de arrecadação desde a estreia, em 1997. E esse não é o único feito. A produção ganhou seis prêmios Tony (o Oscar dos musicais), passou por 19 países, em sete línguas (japonês, alemão, coreano, francês, holandês, mandarim e espanhol), bateu a marca de 65 milhões de espectadores e faturou US$ 4,8 bilhões mundo afora. Ufa.

Já estava na hora de o Brasil ter a oportunidade de assistir a O Rei Leão. E foi isso que Schumacher e Julie, em um teatro com folhas secas, iluminação e decoração em tons pastéis, cheiro de natureza e clima de savana, vieram contar na última terça-feira, em São Paulo. O musical, pela primeira vez na América Latina, entra em cartaz no Teatro Abril (futuro Teatro Renault), na Capital, em março de 2013. Os detalhes foram apresentados à imprensa na ocasião, além das versões em português de quatro canções da produção, incluindo os sucessos Circle of Life e Can’t You Feel The Love Tonight, de Elton John. A pré-venda exclusiva, com 20% de desconto, para clientes dos cartões de crédito Bradesco, Bradesco Seguros e American Express Membership Cards começa no próximo dia 20 e vai até 28 de novembro.

Nala interpreta Shadowland em português no Abril
A missão de transpor as canções para o português ficou com Gilberto Gil, que também participou do lançamento do espetáculo. “Traduzir é sempre arriscado. O tradutor corre o risco de perder a alma. Muito do sucesso se atribui ao tradutor. Estamos trabalhando nas versões do próprio musical, o que é enriquecedor”, disse o músico, completando que é bom ter duas versões da mesma música, referindo-se ao fato de o filme também ter traduções para o português. “Quem ganha é o público.”


Gilberto Gil, Julie Taymor e Thomas
Schumacher durante coletiva
E, mesmo considerando-se um compositor eclético — “escrevi até jingle no início de carreira, tenho certo gosto pela variedade”, diz —, Gil confessa que relutou quando recebeu a proposta. “Mas tive muito apoio em casa. Minha mulher, Flora, e meus netos me animaram. São todos fãs de O Rei Leão.” A história, continua o músico, também o cativa, já que “tem essa questão de redenção, da família, a tarefa de levar o processo redentor. É um pouco da minha história também, e um pouco do que me atraiu para a peça.”

Como o espetáculo ainda está em fase de audição para a definição do elenco, os números musicais foram encenados pelos atores da Broadway que dão vida aos personagens Simba, Nala e Rafiki. Circle of Life ficou como Ciclo da Vida mesmo e Can You Feel the Love Tonight virou Dá Pra Ver o Amor Aqui. As músicas Shadowland e He Lives in You, que fazem parte apenas do musical, são, respectivamente, Onde a Jornada Termina e Está em Ti.


Simba durante He Lives In You
Adaptação
Entre os destaques de O Rei Leão estão o figurino e o cenário, adaptados também por Julie Taymor. “Quando comecei a montar o espetáculo, pensei em como reproduzir a personalidade de cada um desses animais. Não queríamos fazer bichos peludinhos, mas trabalhar com os aspectos humanos deles. Fizemos algo artesanal e tátil. Então cada fantasia é muito individual”, explica.

Para isso, Taymor abusou de peças conceituais feitas com materiais e estampas da cultura africana, além de técnicas antigas de teatro de fantoches. “Atualmente, são usadas muitas projeções no teatro, mas não gostamos dessa ideia. Por isso, preferimos dar uma cara de feito à mão. Queria tornar os mecanismos usados para dar movimento aos personagens como parte do espetáculo. Me inspirei muito no Carnaval brasileiro e no Teatro Chinês para isso”, revela a diretora, que levou o Tony de melhor figurino pela peça.


Saiba Mais
O presidente da Time For Fun, Fernando Alterio, anunciou durante o lançamento de O Rei Leão que o contrato de no mínimo cinco anos entre a T4F e a Disney Theatrical Group contempla, além do espetáculo que estreia em março, outras duas produções. Então, o Teatro Abril receberá nos próximos anos, na sequência, os musicais A Pequena Sereia e Mary Poppins.

Nala e Simba cantam a música mais emblemática: Can You Feel The Love Tonight
Ponto de vista
O português ensaiado dos atores da Broadway infelizmente prejudicou o entendimento das letras de Gilberto Gil, mesmo assim, a força das canções de O Rei Leão já provou que o espetáculo tem tudo para ser um sucesso por aqui também. Como amante incondicional de musicais, assisti à obra-prima da Disney em Nova York, exatamente com os artistas que vieram ao Brasil semana passada — com direito a ter o CD da trilha sonora no carro. E, por isso, posso dizer que não existe, atualmente, outra produção tão boa quanto e que ainda não tenha vindo ao País para brilhar nos palcos brasileiros. Os dois musicais anunciados pela T4F para continuar o legado Disney em São Paulo (A Pequena Sereia e Mary Poppins) também são espetaculares, mas nada se compara a O Rei Leão — nem mesmo A Bela e a Fera. A perfeição com que os animais foram transportados para o palco, a cenografia inusitada e diferente de qualquer outro musical que eu tenha visto — e são muitos — e a intensa história da peça merecem qualquer esforço para conseguir assistir às deliciosas três horas de show. Até porque, a cena inicial, o Ciclo da Vida, por si só, já vale o ingresso. Não tem, acredite, nada igual.

Figurino é um dos pontos altos do musical O Rei Leão
Serviço

O quê: Musical O Rei Leão

Quando: Estreia em março de 2013. Quartas, Quintas e Sextas, às 21h, Sábados, às 16h30 e 21h, e Domingos, às 15h30 e 20h.

Onde: Teatro Abril - futuro Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, São Paulo, fone: 4003-5588)
Quanto: De R$ 50,00 a R$ 280,00. Pré-venda exclusiva clientes Bradesco de 20 de outubro a 28 de novembro.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Quatro musicais nacionais entram para o ranking



O trio protagonista de Priscilla - A Rainha do Deserto
Atualizar o ranking é sempre algo muito gostoso, pois significa que a lista cresceu. Tudo bem, precisamos ser realistas também, já que, muitas vezes, a produção decepciona e avaliar qual peça é pior para saber onde encaixar o espetáculo não é nada legal. Quem dera sair do teatro toda vez e dizer UAU! Ultimamente, esse não é o caso.

Mas vamos lá, tentando deixar o pessimismo de lado, até porque temos coisas boas sim. Incluí quatro musicais no meu ranking (confesso que fiquei ausente por um período, mas vou recuperar o tempo perdido). Começando por Priscilla – A Rainha do Deserto. O musical é ótimo, divertido, muito colorido e com um elenco incrível. Sem dúvida o destaque é André Torquato como Felícia – hilário e surpreendente. Sem contar que o repertório é recheado de sucessos - It’s Raining MenMaterial GirlTrue Colors, I Will Survive - dançantes e animados, que com certeza deixam qualquer produção com uma energia fenomenal. O figurino é impecável. Problema: não fazer versões de canções que não são parte da história e que servem apenas como parte do show como um número musical é uma coisa. Mas manter na versão original músicas necessárias para o entendimento da história é falha gravíssima. Restringe o público e decepciona quem foi assistir e não sabia desse detalhe. Não é todo mundo que fala inglês. Provavelmente por isso, já no primeiro mês, o teatro estava com publico mediano. Estamos no Brasil. Quem vai na Broadway sabe o que esperar!

Cena do musical Xanadu, de Miguel Falabella
O segundo foi Xanadu. Quase tive uma síncope de tanto rir, principalmente pelos erros e improvisos de Miguel Falabella, que esqueceu o texto e nome de personagens diversas vezes (até cantou com a letra na mão), e se atrapalhava o tempo todo com o cenário e figurino. Agora, Danielle Winits, minha querida, você está péssima. Fica na comédia e na televisão, mas abandona a vida de musicais. Aliás, Xanadu deveria perder a classificação de musical apenas porque Winits dubla – sim gente, ela não canta, dubla – a principal música da personagem. As poucas que canta, desafina que dá dó...de nós que pagamos para ver aquilo. O resto do elenco é ótimo, mas a comédia pastelão tem hora que perde a mão.

Fame – O Musical, é o terceiro da lista. Sobre esse, fiz uma crítica bem detalhada e publiquei aqui no Blog. Não deixem de ver.

Elenco de New York, New York
E o último foi New York, New York. Que músicas lindas, que voz linda de Kiara Sasso, cada vez mais impressionante, como se ainda fosse possível. Mas, não sei nem como dizer isso, de quem foi a ideia de fazer um musical em inglês e COLOCAR LEGENDA SIMULTÂNEA PARA O PÚBLICO E, PIOR, NA PARTE DE CIMA DO PALCO, PARA TODO MUNDO PERDER A CENA??? Parece piada pronta. Ou faz um musical nacional, já que estamos aqui, ou assume a bronca (como Priscilla) e deixa que o público se vire. Essa vergonha, como está, não dá. A história é média, muitos erros de sequência, sem contar lacunas absurdas na trama. Juan Alba surpreende. Canta bem, segura o papel e até dá show. Kiara, meu Deus, eleva a qualidade desse espetáculo. Apenas ouvi-la já vale (o ingresso está a preço popular – R$ 40,00 e R$ 20,00). Porém, tem solos imensos e fracos, como dois de sapateado intermináveis e seguidos. Quebra o ritmo e perde a qualidade.

Bom..a lista ficou assim:

1.      O Fantasma da Ópera
2.      Les Miserables
3.      Love Never Dies
4.      O Rei Leão
5.      A Bela e a Fera
6.      Wicked
7.      Mary Poppins
8.      Hairspray
9.      Jekyll & Hyde - O Médico e o Monstro
10.  A Família Addams
11.  A Noviça Rebelde
12.  Mamma Mia
13.  Cabaret
14.  Priscilla – A Rainha do Deserto
15.  Miss Saigon
16.  Um Violinista no Telhado
17.  Chicago
18.  Gypsy
19.  Xanadu
20.  As Bruxas de Eastwick
21.  A Gaiola das Loucas
22.  Hair
23.  New York, New York
24.  Fame
25.  Evita
26.  South Pacific
27.  Cats
28.  Aladdin