quarta-feira, 24 de abril de 2013

Musical O Rei Leão Resume Toda a Magia da Broadway



Rafiki é um dos personagens centrais de O Rei Leão
A cena inicial Ciclo da Vida, do musical O Rei Leão, em cartaz desde o dia 28 de março, tem cerca de cinco minutos, mais saiba que ela, por si só, já vale o caro ingresso da peça. Além da forte letra de Elton John, que ganhou a versão nacional pelas mãos de Gilberto Gil – em um bom trabalho -, a produção, o figurino, o cenário, tudo é tão inacreditável que fica difícil conter a emoção desde o início. Ouço com frequência que ver atores fantasiados de animais correndo de um lado para o outro deve ser, além de bobo, uma adaptação falsa do premiado filme. Além de ser um enorme equívoco, a forma como os animais ganham vida no palco é o que torna O Rei Leão tão encantador. Tanto que o musical é o mais bem-sucedido da história da Broadway. A história é simples: o teimoso leão Simba perde o pai, que também é o rei do local, repentinamente e acaba se culpando por isso. Aconselhado por seu ambicioso tio Scar, ele foge, deixando o trono para ele. Anos depois, Simba decide voltar para tentar salvar o reino abandonado. O show ainda traz a canção ganhadora do Oscar, Can You Feel The Love Tonight, e números inusitados. Entre eles, o surpreendente encontro em um lago entre Simba e o pai morto. É de arrepiar.
Personagem Nala durante coletiva do musical O Rei Leão

Serviço:
O quê: O Rei Leão
Quando: Quartas, quintas e sextas às 21h, sábados às 16h30 e 21h, e domingos às 15h30 e 20h
Onde: Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, São Paulo, fone: 4003-5588)
Quanto: De R$ 50,00 a R$ 280,00




quinta-feira, 18 de abril de 2013

Alô, Dolly! Consagra Marília Pêra; Falabella Cai na Mesmice


Miguel Falabella e Marília Pêra protagonizam o musical Alô, Dolly!, em cartaz no Teatro Bradesco, em São Paulo


Marília Pêra garante que ficou nervosa quando o companheiro de cena - e diretor - Miguel Falabella disse que Bibi Ferreira estava na plateia para assistí-la como Dolly Levi no musical Alô, Dolly!. Bibi já esteve na pele, em 1966, da viúva casamenteira que é contratada pelo avarento e mal-humorado comerciante Horácio Vandergelder (Falabella), para lhe arranjar uma mulher. Mas, nem por isso, ela precisa se preocupar com o que Bibi poderia achar. Marília Pêra é assustadoramente brilhante no palco, capaz de nos conduzir para um universo cênico paralelo ao que acontece ao ser redor.

Alessandra Verney é Irene Molloy em Alô, Dolly!
Ficamos com vontade de correr para pegar um de seus muitos cartões, cada um com uma atividade diferente. Como Dolly decide que ela mesma conquistará o bom partido para ficar rica, ela inicia uma série de armações que coloca todos em engraçadas situações. O problema é que só Marília, e seu tempo perfeito, salva na peça. Falabella quis aproximar o espetáculo da realidade brasileira e incorporou em seu personagem, por exemplo, um sotaque caipira e uma voz mais fina. 

Marília Pêra em cena de Alô, Dolly! Atriz é a alma do msucial
O problema é que ele não segura o papel e perde, e altera, o sotaque inúmeras vezes, além de cantar com seu característico tom grave. A talentosa Alessandra Verney vive Irene Molloy com delicadeza e protagonizar a única música interessante do musical, no final, ao lado de Frederico Reuter (Cornélio Hackl). Porém, tanto Reuter como os demais atores do núcleo são extremamente caricatos e caem na mesmice. Os figurinos são impecáveis, mas as coreografias são sujas e merecem uma melhor atenção. Só que Miguel Falabella subestima o público e, mais uma vez, entrega mais do mesmo.


Serviço
O quê: Alô, Dolly!
Quando: Até 2 de junho, q uintas às 21h, sextas às 21h30, sábados às 18h e 21h30, domingos às 18h
Onde: Teatro Bradesco (Rua Turiassu, 2.100, Bourbon Shopping, 3º piso, Pompéia, fone: 4003-1212)
Quanto: de R$ 20,00 a R$ 200,00 

O Mágico de Oz: Apesar da História Fraca, Elenco Salva Produção

Malu Rodrigues como Dorothy em cena do musical O Mágico de OZ
O enredo deste musical dispensa introduções, afinal, é difícil nunca ter ouvido falar sobre a famosa jornada de Dorothy pela estrada de tijolos amarelos e que ganhou fama com o célebre longa-metragem estrelado por Judy Garland, em 1939. E O Mágico de Oz nunca esteve fora do centro da indústria mundial de entretenimento. Confesso que não sou fã da história – nem do filme – mas adaptá-la para os palcos é ver, com o perdão do trocadilho, mágica acontecer diante dos seus olhos. A montagem brasileira, assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, é bem fiel ao filme, porém, com muito mais humor. Isso, graças ao texto rápido e ao excelente elenco, que consegue transformar a fraca trama em um delicioso show. Ponto para Heloísa Périssé como a Bruxa Má do Oeste. Além de parecer que ela está improvisando em cena, com o conhecido tom de deboche, sua energia domina a plateia cada vez que ela pisa no tablado. Lúcio Mauro Filho como o Leão Covarde, apesar de mais tímido, também segue a mesma linha e cativa o público. A protagonista Malu Rodrigues tem uma das vozes mais bonitas que já ouvi, então a cação Over The Rainbow torna-se um prazer. A única decepção é Luiz Carlos Miéle como o Mágico. Apesar de Möeller e Botelho verem nele a única opção para o papel, Miéle não tem o ritmo exigido do musical e não consegue acompanhar os colegas. Surpreendentemente, também não expressa o carisma típico do personagem. A produção também é grandiosa, com números bem elaborados e coloridos. A conhecida cena das papoulas, que encerra o primeiro ato, está entre as melhores.

Serviço
O quê: O Mágico de Oz
Quando: Até 26 de maio, s extas às 21h30, sábados às 16h e 20h, domingos às 15h e 19h
Onde: Teatro Alfa (R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo, fone: (11) 5693-4000
Quanto: de R$ 40,00 a R$ 180,00 


São Paulo: Terra dos Musicais!


Não existe mais aquela história de que São Paulo é a Broadway brasileira. Não que isso realmente não seja verdade, mas é que o título já está tão enraizado na cidade que as indagações, agora, são outras. O que queremos saber é: quais musicais estarão em cartaz este ano. E, como vem acontecendo há algum tempo, as novidades são muitas. De gigantescas produções, como O Rei Leão, com um orçamento de R$ 50 milhões, até peças mais intimistas, como Quase Normal, que conta com seis pessoas no palco – o que, obviamente, não tem relação alguma com qualidade -, o público não tem do que reclamar em 2013.

Como o segmento vem crescendo cada vez mais no País, tirar um final de semana para assistir a um musical precisa ser planejado com antecedência. Os ingressos esgotam-se rapidamente e, certamente, é sempre melhor apreciar o espetáculo de bons lugares. Muitas produções abriram as cortinas recentemente e outras estão por vir. Ou seja, chegou a hora de decidir qual peça ver – e ir em mais de uma é totalmente permitido, claro. Para ajudar, postarei algumas dicas para saber qual musical se enquadra mais ao seu gosto. Espero que gostem!

Cena do musical Quase Normal, em cartaz em São Paulo no Teatro FAAP, até 12 de maio

sexta-feira, 29 de março de 2013

Exibições de Filmes Musicais: Como Confundir o Telespectador


A essência e a força de um filme musical estão nas canções que permeiam, ou mesmo direcionam, o enredo da produção. Uma situação que não teria como ser diferente, já que a narrativa do longa apoia-se obrigatoriamente em uma determinada sequência de músicas, todas elas encaixadas diretamente na proposta da trama. E, só assim, fazem sentido. Tanto que muitas canções desse gênero de filmes viram clássicos, porque estão tão conectadas com a cena criada, que conseguem transpor exatamente a mensagem desejada. Alguns exemplos marcantes são Singin’ in The Rain (de Cantando na Chuva), The Sound of Music (de A Noviça Rebelde), Over The Rainbow (de O Mágico de Oz), Beauty And The Beast (de A Bela e a Fera), Cabaret (do musical homônimo) e por aí vai. 


Across the Universe apresenta uma envolvente história com músicas dos Beatles
Clássicos ou não, o gênero cresceu e são muitos os filmes musicais atualmente, que podem ser vistos a qualquer momento, principalmente para assinantes de TV paga. Mas é justamente aí que temos um, digamos, problema. Vamos lá. Na semana passada, o canal Sony, por exemplo, exibiu Across The Universe, filme americano de 2007, dirigido por Julie Taymor (de Frida e também do musical O Rei Leão, em cartaz em São Paulo — leia mais nesta página), que retrata os anos 60 por meio da obra dos Beatles. Ou seja, as canções e suas poderosas letras são primordiais para entender e se encantar com o longa. Mas foi então que o filme teve exibição com os diálogos dublados (nenhum problema nisso, já que existe um público grande que prefere assistir a produções dubladas), mas as músicas foram mantidas com áudio original, no caso o inglês, e sem legendas.

Indiscutivelmente, diante disso, fazemos a pergunta: qual o sentido em exibir um musical parcialmente dublado com músicas em inglês sem legenda? Qual é o público que o canal pretende atingir, já que um “fluente” na língua inglesa provavelmente prefere ver os diálogos também na língua original, e os assinantes que gostam de longas dublados muito provavelmente terão dificuldades em entender o outro idioma? Será que o pensamento é que as músicas dos Beatles são tão conhecidas que elas não precisam de transcrição? Certamente, a resposta é não.


Uma Thurman estrela musical Os Produtores
De qualquer forma, essas perguntas foram feitas ao canal, que respondeu o seguinte: “Acreditamos que essa situação tenha sido extremamente pontual, uma vez que não é o produto principal do canal — que é focado em séries e competições de talento — a exibição de filmes, especialmente musicais”, declarou a assessoria de imprensa, completando que, “infelizmente, nossos porta-vozes não acreditam que o canal possa ajudá-lo consubstancialmente nessa pauta”. 

O fato é que a exibição “confusa” de Across The Universe não chamou a atenção por ser algo pontual, como informou a assessoria, mas sim por resgatar na memória que essa não é a primeira vez que um musical é exibido assim na TV por assinatura. Aliás, outros filmes e outros canais fazem a mesma coisa, tornando as perguntas citadas ainda mais instigantes.

Os Produtores
A Fox mantém regularmente na grade o filme Os Produtores, adaptação de 2005 do musical de 2001 da Broadway, estrelado por Nathan Lane, Matthew Broderick e Uma Thurman, e dirigido por Susan Stroman. Pelo menos duas vezes, rodando pelos canais, vi esse filme sendo exibido exatamente como a Sony apresentou o longa com músicas dos Beatles: diálogos dublados, músicas em inglês e sem legenda. Talvez a Fox tivesse, então, a resposta para essa situação. “Conversei com algumas pessoas daqui e, como Fox Channels, não temos como responder sobre o assunto”, esclareceu um assessor de imprensa da rede. 


Cena de High School Musical: longa com legenda em inglês
Mas o resgate na memória foi longe, e lembrei também que o Disney Channel, por diversas vezes, trouxe em sua grade o musical de sucesso entre os jovens High School Musical, também com dublagens em algumas partes, músicas com áudio original, nada de legendas — ou, quando tem, a legenda está em inglês. Oi? A ideia, quem sabe, é oferecer uma aula grátis de idiomas na TV? No caso de High School Musical, podemos pensar que o intuito é permitir que os fãs aprendam a cantar as músicas. Mas é só uma especulação, já que a assessoria do canal não respondeu os questionamentos. 

Bom, a Fox vai exibir novamente Os Produtores semana que vem, no dia 4, às 2h10. Vamos esperar para ver como será que o filme vai chegar até o público. Mas que é curioso, isso é.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Crítica - Oz: Mágico e Poderoso Mostra Como Tudo Começou


Filme inspirado em O Mágico de Oz chega nesta sexta (08) aos cinemas: longa investiga a origem no personagem-título


James Franco interpreta Oscar Diggs em Oz
A missão do cineasta Sam Raimi em Oz: Mágico e Poderoso (Oz The Great And Powerful, EUA, 2013) é investigar como o personagem-título do filme de Victor Fleming, de 1939, foi parar na encantadora Terra de Oz. E, mais do que isso, como ele se transformou no grande e respeitável Mágico, reinando absoluto na Cidade das Esmeraldas, já que magia passa longe de suas habilidades.


Na nova aventura da Disney, que estreia hoje nos cinemas, vamos conhecer Oscar Diggs (James Franco) — apelidado de Oz — um ilusionista trambiqueiro que abusa do seu poder de persuasão para conseguir uns trocados em um decadente circo instalado no Kansas.

Apesar de Dorothy não aparecer ou ser citada em momento algum no longa, os fãs da película estrelada por Judy Garland perceberão, desde o início, as inúmeras referências ao clássico. Elas são tantas, e nada discretas, que Raimi parece subestimar o público, como se o espectador não fosse capaz de acompanhar algo original. Ou seja, falta imaginação. 


A começar pela forma como Oscar vai parar em Oz (ele também é levado por um tornado) e a reprodução de um Kansas velho e sem cor — ao invés do sépia da produção de 1939, aqui a opção foi em preto e branco —, com o intuito de chocar com o colorido reino além do arco-íris.

Só tem um detalhe: Oz está extremamente moderna e surreal se comparada com a mesma terra encontrada por Dorothy anos depois. Sabemos que os tempos são completamente outros, só que os muitos efeitos especiais e o uso da tecnologia 3D transformaram o filme em um belíssimo espetáculo visual, com imagens realmente impressionantes, mas deixaram o reino tão absurdo e improvável, que fica difícil se conectar com tudo aquilo.

James Franco também tem responsabilidade nisso. Falta carisma, charme e até humor para segurar as mais de duas horas de produção, restando uma interpretação extremamente artificial. E isso parece ter contaminado todo o elenco, estelar, aliás. As três bruxas no caminho de Oscar são Theodora (Mila Kunis, que se sobressai, um pouco, entre as colegas), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams), essa, a mais fraca de todas. Ela pegou o título de bruxa boa e acabou entregando, infelizmente, uma bruxa insossa. E são três porque, na trama de Victor Fleming, além da boa e da má, temos a que a Dorothy mata ao cair em cima com sua casa.

Quando Oscar é desmascarado por seus truques e foge do Kansas, ele é recepcionado por Theodora, que explica essa chegada inesperada como parte de uma antiga profecia que livrará o reino da bruxa má — ele precisa matá-la, achando que Glinda é a responsável por tudo. Para isso, o Mágico embarca pela estrada de tijolos amarelos para encontrá-la — como eu disse, são muitas as referências. Quer mais? No caminho, ele se depara com alguns seres locais precisando de ajuda e, após salvá-los, eles se tornam grandes amigos e passam a segui-lo nessa missão. No lugar do Leão Covarde, temos o Macaco Finley, e substituindo o Homem de Lata, conhecemos a simpática Menina de Porcelana. O espantalho vem depois, com uma função um pouco diferente.

Glinda revela-se como boazinha e guia Oscar na luta contra as verdadeiras vilãs. Até o campo de papoulas usado contra Dorothy pela bruxa má está aqui, dessa vez, aproveitado pelos mocinhos. Para justificar o sucesso de Oz, a saída foi sua criatividade com máquinas, conseguindo travar uma grande batalha na Cidade das Esmeraldas (mais uma vez, com ótimos efeitos, mas muitos erros de sequência, como uma população implorando pela vida de Glinda, sendo que ela durante anos foi considerada a vilã).

Mostrar a origem dos personagens de O Mágico de Oz não é uma novidade. O bem-sucedido musical Wicked explora bem as muitas lacunas deixadas pelo filme de Fleming, ao ponto de deslocar o caráter dos personagens e “revelar” que nada é o que parece. Seria melhor filmar essa versão do que tentar criar um filme óbvio que apoia-se apenas em recursos tecnológicos.


As irmãs Evanora (Rachel Weisz) e Theodora (Mila Kunis) são as bruxas más da trama de Oz: Mágico e Poderoso