quinta-feira, 19 de abril de 2012

Xanadu, de Miguel Falabella, estreia em Paulínia


Elenco do musical Xanadu, que fica em cartaz em Paulínia de 19 a 22 de abril, no Theatro Municipal: besteirol carioca


Minha reportagem publicada hoje, 19/04/12, no Correio Popular

Fábio Trindade
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fotos: Caio Galucci/Divulgação

Miguel Falabella, além de diretor, atua em Xanadu como Danny McGuire
Nos anos 1980, Miguel Falabella construiu e difundiu, ao lado de Vicente Pereira e Mauro Rasi, um gênero diferente, e tipicamente carioca, de fazer comédia nos palcos brasileiros: o besteirol. A comédia rasgada foi encenada nesse período em peças como As Sereias da Zona Sul e Miguel Falabella e Guilherme Karan, Finalmente Juntos e Finalmente ao Vivo.


O sucesso foi tanto que o estilo foi levado, posteriormente, para a maior emissora do País pelo ator, diretor, produtor e autor, como em Sai de Baixo, na década de 90, e, mais recentemente, em Toma Lá Dá Cá e no folhetim Aquele Beijo. Falabella jamais abandou o estilo que marcou sua carreira, mas também se aventurou em outras frentes, como importar musicais da Broadway. Começou com Os Produtores (2008), depois Hairspray (2009), passando por A Gaiola das Loucas (2010) e ainda assina a versão brasileira de Cabaret (2011), em cartaz atualmente no Rio de Janeiro.

Danielle Winits, Miguel Falabella e Danilo Timm durante cena de Xanadu
E se ambos os caminhos deram certo, juntá-los era só questão de tempo. “O espetáculo na Broadway já debochava do filme e da cena contemporânea americana. Então fazia todo sentido trazer para cá e transformar num besteirol como só os brasileiros sabem fazer e apreciar”, disse Falabella, se referindo a Xanadu, seu mais novo musical, que fará curta temporada em Paulínia, a partir de hoje, no Theatro Municipal. “É uma farra estar com esse elenco talentoso, nessa nossa grande brincadeira que é Xanadu”, completou ele, já que, além de dirigir a superprodução, Falabella atua na peça como Danny McGuire, papel que pertenceu a Gene Kelly no filme homônimo de 1980.


“Acho que é um grande exercício para ator o gênero do teatro musical, e uma delícia essa união de atuação e música”, afirmou. Miguel assumiu esse personagem depois que Sidney Magal, que inaugurou a versão brasileira e fez quase toda a temporada no Rio, deixou a produção. “Quando decidimos prorrogar a temporada, Magal teve de se ausentar por compromissos profissionais, e como eu já havia o substituído em outra ocasião, era a opção mais óbvia”, explicou.

Kira dança com o artista Sonny Malone
Ele também faz Zeus, que, na história, incentiva o jovem pintor Sonny Malone (Danilo Timm) a abrir um negócio, no caso, uma roller disco — modalidade de patinação artística com música disco. Aliás, com exceção de Falabella, todos os atores da peça cantam e dançam sobre rodas, um dos grandes diferenciais do musical.

Sonny é um artista fracassado que, ao tentar se matar, encontra Clio (interpretada por Danielle Winits, em seu oitavo musical), deusa da dança enviada do Olimpo para dar uma força ao artista. Disfarçada no mundo real como Kira, ela se torna a musa inspiradora de Sonny para achar seu Xanadu, “o lugar aonde ninguém ousa ir”, como diz uma das canções da peça.

Diferente da Broadway, considerada “simples” por Falabella, o público vai encontrar uma megaprodução no palco. São mais de 15 cenários, uma centena de figurinos, pássaros robotizados e telões de fibra óptica. “Tivemos de fazer pequenas adaptações de cenário para a turnê, mas nada que altere estruturalmente a peça. Por exemplo: tínhamos uns elevadores que auxiliavam em trocas, e davam um charme, mas que não alteram o espetáculo em sua essência”, lembrou Miguel.

Kira, na verdade, é Clio, uma deusa enviada do Olimpo
Acidente
A peça, entretanto, sofreu uma grande alteração recentemente. Um dos pontos altos do musical era um voo sobre a plateia realizado por Winits e, na época, por Thiago Fragoso, que dava vida ao Sonny. Porém, durante uma sessão na capital fluminense em 28 de janeiro, os cabos se romperam e eles despencaram sobre a plateia. Fragoso chegou a quebrar cinco costelas, não voltou mais à produção, o musical foi suspenso por um tempo e a cena foi retirada do roteiro. Falabella, sobre isso, não quis fazer nenhum comentário ao Caderno C.

Espetáculo sobre rodas dá um toque especial a história
Região
Paulínia entrou de vez no circuito dos musicais, mesmo que seja para curta temporada. Apenas este ano, já recebeu, além de Xanadu, Cabaret, estrelado por Cláudia Raia. E, para o segundo semestre, especula-se que o aclamado Tim Maia - Vale Tudo: O Musical (leia matéria na página C8), também aporta na cidade. “Em geral, um espetáculo desse porte gera custos bem difíceis de se manter numa temporada mais longa em praças fora do eixo de Rio e São Paulo, capitais, por uma série de questões”, contou Falabella, ao ser questionado sobre possíveis produções específicas para a cidade.

Telonas
O filme Xanadu, de 1980, gerou muitas expectativas ao escalar para o time Olivia Newton-John e Gene Kelly, os maiores nomes da época para o estilo. Ela tinha acabado de ganhar fama internacional com Grease - Nos Tempos da Brilhantina (1978), e ele já era consagrado principalmente por Cantando na Chuva (1952). Porém, nas bilheterias e na crítica, o sucesso não foi o mesmo. Com um orçamento de US$ 20 milhões, a arrecadação só foi suficiente para a produção se pagar e o longa ainda foi classificado como insosso, mal-dirigido e anêmico. A trilha sonora foi a única coisa que deslanchou, se tornando febre na época.

Serviço
O quê: Xanadu
Quando: hoje e amanhã, às 21h, sábado às 18h e 21h30, e domingo às 17h30.
Onde: Theatro Municipal de Paulínia (Av. José Lozano Araujo, 1551, Parque Brasil 500, Paulínia, fone: 3933-2140)
Quanto: de R$ 40,00 a R$ 140,00.

Vendas: pelo site www.ingressorapido.com.br e na bilheteria do teatro, das 13hs às 19hs. A meia-entrada é válida para estudantes, professores municipais e estaduais, idosos, sócios do Clube GT, clientes Porto Seguro e Azul Linhas Aéreas, e moradores de Paulínia.

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