quinta-feira, 8 de março de 2012

Que Espetáculo: Cabaret começa hoje em Paulínia

Jarbas Homem de Mello e Cláudia Raia nos papéis de MC e Sally Bowles no musical Cabaret, em cartaz em Paulínia
Minha reportagem publicada hoje no Correio Popular, 08/03/2012

Fábio Trindade
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fotos: Divulgação/Caio Gallucci

O musical Cabaret realmente tinha tudo para fazer sucesso. Afinal, possui uma história forte, dramática, mas ao mesmo tempo leve e divertida, além de números musicais elaborados e canções marcantes. Sem contar que a peça é estrelada por uma global do primeiro escalão (Cláudia Raia), o que indiscutivelmente atrai público, mas, se o resultado não for bom, não sustenta toda a temporada — e esse não é o caso.
Durante os quatro meses em que ficou em São Paulo, Cabaret registrou uma lotação de 104% (sim, isso é possível, já que o teatro precisou colocar cadeiras extras para atender a demanda), e só deixou a Capital porque o espaço já estava locado para outro espetáculo. Sorte nossa, pois a peça ganhou a oportunidade de viajar para outras regiões e estaciona em Paulínia de hoje a domingo. Serão cinco sessões e ainda há ingressos disponíveis, mas escassos, então corra para não perder essa oportunidade única na redondeza. (As sessões já estão esgotadas)
Como os leitores devem ter acompanhado, Cláudia conversou com o Caderno C durante a passagem do musical por São Paulo, contou detalhes de sua personagem Sally Bowles e como ela está realizando um sonho com essa peça.
O talento é inegável e a atriz é a alma do show. Mas tudo isso só acontece também graças à qualidade dos atores e dançarinos que a acompanham nas quase três horas de espetáculo. Dentre todos, se há alguém que encanta a plateia tanto quanto Cláudia, esse é Jarbas Homem de Mello na pele de MC, o mestre de cerimônias do cabaré que abre, encerra e permeia todo o musical.
Assim como é para a Cláudia, Cabaret é a realização de um sonho. Conheci o musical em 1980 e me apaixonei. Tive uma preparação muito grande para fazer o MC. Foram três meses de ensaio, mas seis meses antes já conversamos sobre os papéis, estudávamos sobre a época, nos envolvemos muito com a história. Então no palco as coisas vieram naturalmente e ficamos integrados o tempo todo, no estilo de interpretação, tudo. Queríamos que o MC fosse quase uma entidade, o ego da Sally, e está dando certo”, explicou Mello, que já atuou em musicais como Lés Miserables, Grease e O Fantasma da Ópera.

Dramaturgia
Para o ator, a dramaturgia de Cabaret é o que atrai tanto público. “Falamos de uma época forte (a peça se passa em decadente casa noturna de Berlim, em 1931), de muita importância para a política. Existe um cuidado muito grande para tratar o assunto, desde a iluminação, as coreografias. E o público sabe identificar quando é bom e quando não é. Eles não se deixam mais enganar apenas por ter um global, por exemplo. As pessoas querem arte, em termos musicais, estou falando. Esse é o grande sucesso.”
Sucesso esse que estendeu inclusive, para surpresa dos próprios atores, a vida útil do musical. Previsto inicialmente para terminar no Rio de Janeiro em julho desde ano, Cabaret agora sairá de Paulínia, passará por Belo Horizonte, desembarca por quatro meses na capital carioca, viaja novamente nos meses de agosto e setembro e retorna a São Paulo para ficar até fevereiro de 2013. “Ficamos sabendo semana passada. Foi uma surpresa, muito boa, claro.”

A peça
A trama de Cabaret, baseada no livro de Christopher Isherwood, gira em torno do relacionamento da inglesa Sally com o escritor americano Cliff Bradshaw, encarnado pelo jovem ator Guilherme Magon. Além disso, como pano de fundo, o espetáculo trata da ascensão do nazismo e como todos naquela época foram afetados por isso. Mas essa tensão da peça pega mesmo apenas no segundo ato. Até chegar nesse ponto, o público vai passear por cada personagem e pensar que realmente está em um cabaré. O clima de erotismo é forte, mas necessário para criar o ambiente da época, tudo no ponto certo, para ninguém se chocar. “Foi muito difícil conseguir esse ponto. Fizemos diversos laboratórios, muitos mesmo, para que a gente não errasse, deixando a peça com o erotismo, com tudo que fosse possível para a época, ao mesmo tempo sem pudor e sem assustar o público desnecessariamente”, explicou Cláudia.
A atriz sabe que todos na plateia acompanham cada movimento que ela faz e, por isso, nas cenas em que outros personagens precisam crescer na história, fica evidente que ela se apaga propositalmente, dando espaço para a trama. “Costumo dizer que ela tem a característica das grandes estrelas, por ser uma atriz muito generosa”, elogiou Mello.
Destaque para Liane Maya, como a alemã Fraulein Schneider, e Marcos Tumura, no papel do judeu Herr Schultz. São eles que sustentam principalmente a parte “nazista” do enredo de Cabaret e estrelam solos impecáveis e emocionantes.
Mas a profundidade da personagem Sally Bowles é algo marcante. Ela sustenta uma aparência forte, linda, engraçada e é muito esperta, mas no fundo, é uma coitada a espreita de um holofote para tentar brilhar. “Esse personagem tem tudo o que uma atriz de musical quer fazer. A Sally é o meu momento mais emocionante e eu quero viver tudo isso intensamente”, finalizou Cláudia.

Serviço
O quê: Cabaret
Quando: hoje e amanhã às 21h, sábado às 17h30 e 21h30 e domingo às 18h
Onde: Theatro Municipal de Paulínia (Av. José Lozano Araújo, 1551, Pq. Brasil 500, fone: 3933-2140)
Quanto: O preço varia entre R$ 40,00 e R$ 140,00. Vendas na bilheteria do teatro, das 13hs ás 19hs, e pelo site www.ingressorapido.com.br. Morador de Paulínia paga meia
Classificação: 14 anos

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